Segurança psicológica no trabalho: por que é essencial falarmos sobre isso?

Se você já teve dúvidas se deveria expressar sua opinião sobre um determinado tema no trabalho, fazer perguntas ou até mesmo se já deixou de propor novas soluções para um problema, saiba que esse receio é comum entre os profissionais e está diretamente relacionado à segurança psicológica no trabalho.

Esse tema tem sido amplamente discutido atualmente, principalmente diante do cenário em que vivemos com tantos desafios na gestão das emoções. Manter um ambiente de trabalho saudável tem sido uma das grandes preocupações das organizações e tornou-se algo ainda mais urgente em uma época em que muito se fala estresse, ansiedade e depressão. Para iniciarmos nossa conversa, é preciso entender primeiramente esse conceito.

Ele foi criado pela professora Amy Edmondson, da Harvard Business School, em 1999 e está relacionado a um conjunto de ações tomadas pelas empresas para manterem seus ambientes de trabalho saudáveis, sem o sentimento de temor ou tensão.

Na prática, segurança psicológica no trabalho significa ter um ambiente de respeito e confiança em que os colaboradores se sintam confortáveis em expressar suas ideias – independentemente se favoráveis ou contrárias, e também suas habilidades com naturalidade e sem preocupação. É o alicerce para que eles se sintam mais seguros e as empresas alcancem a inovação e o alto desempenho, já que o clima organizacional tem influência direta sobre a produtividade, a motivação e o comportamento dos integrantes de todo o time.

“Todas as pessoas querem pertencer e contribuir, mas para tal precisam ter a confiança de que podem se expor, de que sua vulnerabilidade será respeitada. Somente em um ambiente com relações pautadas por segurança psicológica que cada um alcança sua máxima performance e conquista a verdadeira felicidade do estado de FLOW. Com isso, as organizações se beneficiam de profissionais mais engajados, os quais se aprimoram com a diversidade e proporcionam soluções mais criativas.”
Fernanda Bueno
Head de Operações da Across

No dia a dia, os principais aspectos da segurança psicológica se apresentam de diferentes maneiras. Veja algumas delas: 

  • Segurança para aprender – não pode existir o medo de errar, de arriscar. Só assim novas ideias podem ser testadas e será possível aprender com os acertos e com os erros;
  • Segurança para interagir – o ideal é que todos se sintam confortáveis para pedir ajuda, fornecer e receber feedbacks, mesmo em situações difíceis e desafiadoras.
  • Segurança para se expressar – todos devem se sentir à vontade para expressar ideias, questionar e falar sobre problemas sem medo de represálias;
  • Segurança para pertencer – todos devem se sentir parte do grupo, valorizados e apoiados.

No entanto, esse cenário ainda parece distante da realidade de muitas organizações. Para se ter uma ideia, uma pesquisa realizada pela Workhuman buscou entender melhor a realidade das organizações. Para isso, os coordenadores do estudo fizeram alguns questionamentos: “como os funcionários estão se sentindo? Qual o impacto disso na segurança psicológica em nossas organizações? Há oportunidades para melhorar?” 

A pesquisa foi feita com mais de três mil trabalhadores norte-americanos em março do ano passado e concluiu:

  • 48% dos profissionais afirmaram ter tido Síndrome de Burnout;
  • 61% disseram ter passado por altos níveis de estresse;
  • 32% declararam que já sentiram sozinhos no trabalho.

Se na empresa existe uma cultura de punição, isso pode inibir as manifestações de novas ideias e a sensação de pertencimento do colaborador e a confiança na organização diminuem com o passar do tempo, além de desestimular os profissionais talentosos que podem ser vistos como referência e que podem estimular o engajamento dos outros profissionais.

Gestores e empresas que não compreendem a importância de investir em um ambiente profissional que ofereça segurança psicológica, podem sentir alguns reflexos negativos como: 

  • Equipes desmotivadas e/ou pouco produtivas;
  • Probabilidade maior de fracasso nos processos;
  • Processos ultrapassados e/ou obsoletos;
  • Desatualização com o mercado.

Outra pesquisa, realizada internamente pelo Google, teve como objetivo desvendar os “segredos” das suas equipes mais produtivas e revelou que a segurança psicológica era a característica mais evidente dos grupos com melhores desempenhos.

Ou seja, os times que mais entregaram eram os que possuíam mais liberdade para exposição de dúvidas, críticas e falhas. Foram analisados mais de 100 grupos por mais de um ano e os principais insights do estudo, que recebeu o nome de “Projeto Aristósteles”, foram divulgados no jornal The New York Times.

Então, como criar um ambiente favorável na minha organização?

As organizações precisam se atualizar e compreender a necessidade atual do mercado e partir do princípio que que a maneira como as pessoas se relacionam e a inteligência coletiva são eficientes na construção de equipes de alta performance. A empatia e o sentimento de pertencimento são cultivados no dia a dia. Nesse sentido, desenvolver um ambiente agradável e seguro para os colaboradores é essencial para que os resultados sejam alcançados. 

Confira alguns exemplos de pontos importantes para serem observados ao traçar um planejamento e executar ações estratégicas para promover a segurança psicológica na sua organização: 

Incentive ativamente a criatividade

Não são todas as empresas que apoiam a tomada de riscos, mas vale refletir como grandes ideias podem culminar em excelentes resultados.

Aumente a tolerância aos erros

Isso não significa que, ao cometer um erro grave, o responsável não irá sofrer as consequências. Mas quando os colaboradores têm muito medo de errar, grandes ideias podem ficar adormecidas.

Estimule a escuta ativa

Isso diz respeito a prestar atenção na fala do outro e demonstrar, verdadeiramente, interesse pelo que está sendo dito. É considerada uma ação importante, pois todo mundo sente a necessidade de ser ouvido.

Crie uma cultura de feedback

É uma maneira eficaz de manter um diálogo honesto entre líderes e liderados. Assim os colaboradores se sentem mais confortáveis em expor problemas, dúvidas ou ideias. O RH é peça-chave nesses ciclos de feedback, promovendo uma troca constante entre os membros da equipe.

E então, o que nos diz? Está pronto para transformar a sua empresa?

Depois de tantas informações valiosas que você viu, não tem como não começar a traçar uma estratégia para a sua organização, não é mesmo? Promover a segurança psicológica no trabalho é apostar em uma jornada de transparência, segurança, melhora de resultados e proatividade. As ações devem ser contínuas e realmente fazer a diferença na vida dos colaboradores, proporcionando uma rotina de trabalho muito mais leve e produtiva.

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